Hoje em dia o telefone celular é um artigo de primeira necessidade para muitos. Eu mesmo tenho dois telefones celulares. Muitos pacientes questionam-me se o celular faz mal ou não.
Pesquisa grega do final de 2006 encontrou relação entre a radiação de aparelhos celulares pode levar a danos ao DNA. Em dezembro de 2004 um estudo Pan-Europeu chamado REFLEX, que envolveu 12 laboratórios de vários países, mostrou algumas evidências de dano ao DNA de células em culturas in vitro quando expostas a de 0,3 a 2 watts/kg. Houve indicadores, porém não evidências rigorosas de outras alterações celulares como danos Aos cromossomos, alterações na atividade de certos genes e elevação na taxa da divisão celular.
Em 2006 foi publicado um grande estudo dinamarquês sobre a relação entre o uso de aparelho celular e câncer. O estudo acompanhou mais de 420 mil dinamarqueses por mais de 20 anos e não encontrou elevação no risco de câncer.
Outros estudos de mais de 10 anos que investigaram a relação entre o uso de aparelho celular e câncer:
* Estudo sueco de 2005 concluiu: "os dados não dão suporte à hipóteses que o uso de aparelho celular está relacionado ao aumento do risco de “glioma ou meningioma".
* Estudo britânico de 2005 conclui que: "não há risco substancial de neuroma acústico na primeira década de uso dos aparelhos celulares".
* Estudo alemão de 2006 declarou que "não foi observado elevação de risco de glioma ou meningioma entre usuários de aparelhos celulares, porém estudos de mais longo prazo precisam ser feitos para confirmar a conclusão".
No início do ano de 2009, pesquisadores indianos publicaram um trabalho de revisão (onde estudam vários artigos publicados por outros cientistas) onde discutem os possíveis efeitos da radiação do telefone celular na saúde (Kohli DR, Sachdev A, Vats HS. Cell phones and tumor: Still in no man’s land. Indian J Cancer 2009;46:5-12). Os autores encontraram nas publicações que:
Poucos estudos avaliam o uso do telefone celular por mais de 10 anos. A exceção são os estudos suecos que defendem a hipótese de que algumas partes da cabeça são mais sensíveis a danos da elevação de temperatura, particularmente as fibras nervosas.
Resultados mais recentes de uma equipe científica sueca no Karolinska Institute têm sugerido que o uso contínuo de aparelho celular por mais de 10 anos acarretaria em um pequeno aumento na probabilidade de desenvolver neuroma acústico, um tipo de tumor cerebral benigno. Essa elevação na probabilidade não foi notada naqueles que usaram celulares por menos de 10 anos.
Muitos estudos entrevistam a pessoa e perguntam “quanto usava de telefone celular?”, que fica difícil de verificar se é verdade ou não. As pessoas costumam dobrar ou até quase triplicar o tempo estimado que falam ao telefone.
A radiação eletromagnética varia de acordo com a marca e tipo de telefone celular. Os telefones mudaram no decorrer dos anos, passando de analógico a digital, e há vários tipos de antena e dispositivos para deixar as mãos livres, como fones de ouvido com fio e bluetooth.
Fica impossível de eliminar a radiação eletromagnética de outros aparelhos, como, por exemplo, roteadores sem fio, telefone sem fio, micro-ondas, computador, televisão, entre outros.
Mesmo com esses vieses de pesquisa, há vários dados conflitantes, com estudos apontando relação entre o uso de telefone celular e câncer cerebral, e outros mostrando não haver relação entre o uso do telefone celular e o câncer. A maioria dos estudos não mostrou uma correlação entre tumores cerebrais e o uso de telefone celular, mas mais uma vez a metodologia apresenta tem várias falhas importantes.Mas independente se o telefone celular provoca ou não câncer, há uma questão fundamental, que foi abordado após uma palestra no congresso da IABC em novembro de 2008. O palestrante era um cientista que já realizou pesquisas muito importantes no passado a respeito do tratamento elétrico do câncer, e agora estava empenhado em tentar provar que o telefone celular não faz mal. O detalhe é que ele agora é funcionário da Motorola, fabricante de telefones celulares, o que mostra um conflito de interesses.
O questionamento foi muito simples. Se eu inventar um aparelho médico que utilize exatamente o mesmo tipo de radiofrequência do telefone celular, com todas as características técnicas idênticas ao celular, mas com objetivo de tratamento médico, antes de tudo eu tenho de comprovar a segurança desse aparelho.
Agora, no caso do telefone celular, não. Primeiro, vendem milhões de aparelhos, sem nenhum estudo sobre segurança, para depois que esses aparelhos estão em circulação verificar se são seguros. Todos nós somos cobaias no pós-venda.
A tecnologia evoluiu rapidamente e as consequências biológicas para os usuários só estão sendo conhecidas paulatinamente, a longo prazo, após sua larga utilização. A idéia é identificar os problemas das comunicações sem fio de modo a deliberadamente conduzir a um melhor uso desta tecnologia, em lugar de tentar passivamente um ajuste simples “post facto”, tardio às suas consequência.
Hoje temos inúmeros aparelhos que utilizam radiofrequência, são telefones celulares, telefones sem fio, roteadores sem fio, internet 3G, acessórios bluetooth, entre outros. Quem vive nas cidades, grandes ou pequenas, está sujeito a essa “poluição”. E só saberemos a real consequência sobre a saúde daqui a alguns anos.
Parte das ondas de rádio são emitidas por um aparelho celular é absorvida pela cabeça. As ondas de rádio emitidas por um aparelho celular GSM pode ter um pico de 2 watts, enquanto um telefone analógico pode transmitir até 3,6 watts. Outras tecnologias, como CDMA e TDMA, liberam ainda menos, tipicamente abaixo de 1 watt. A força máxima liberada por uma parelho celular é controlada por agências regulatórias de cada país.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conclui que danos sérios à saúde são bastante improváveis de acontecer devido aos aparelhos celulares e suas estações.
Precisa-se exigir das empresas fabricantes de telefones celulares, coloquem etiquetas informando os níveis de radiação presentes nos celulares, assim poderemos comparar os níveis de radiação específica absorvida dos diversos modelos. Esta medida, além de beneficiar os consumidores, também beneficiará os fabricantes de celular, pois, uma vez que a empresa específica o risco do produto, ela está se livrando de eventuais ações na justiça, fundadas na omissão dos riscos do produto.
Os problemas biológicos destas tecnologias envolvem dimensões particularmente grandes, uma vez que atinge cerca de 250 milhões de usuários (wireless), existem mais de 100 milhões de assinantes espalhadas no Globo. Desconhecem-se atualmente os possíveis efeitos sinérgicos da radiação eletromagnética. O fato é que os usuários de celulares portáteis estão sendo expostos a campos eletromagnéticos em intensidade e por períodos de tempo nunca antes experimentado por nenhum setor significativo da população.
Alguns médicos cardiologistas já alertam os pacientes portadores de marca passo para evitar carregar o celular no bolso da camisa junto ao peito porque pode interferir no funcionamento do aparelho.
Hoje só o que podemos fazer?
Tenho recomendado aos meus pacientes, conhecidos e amigos que minimizem os riscos da radiação ao:
* Usar "hands-free" ou viva-voz para diminuir a radiação na cabeça.
* Manter o aparelho celular longe do corpo.
* Não usar o aparelho celular dentro do carro sem uma antena externa.
* Evitar o uso de celulares em postos de gasolina ao abastecer o seu carro devido ao risco e explosão.
Os estudos científicos realizados até hoje comprovaram que as emissões eletromagnéticas podem causar, no máximo, uma elevação na temperatura corporal. Ou seja, a radiação provocada por um telefone celular, associada ao calor que vem da bateria, no máximo, esquenta um pouco a região do ouvido. Então, até hoje, não há qualquer evidência científica comprovando que o uso prolongado de celulares pode resultar em doenças como câncer e problemas neurológicos. Mas, todas essas pesquisas levaram em consideração (ou se limitaram) a um período muito curto de tempo, em torno de 10 anos. E, como muitas formas de câncer demoram mais tempo para se desenvolverem, faz-se necessário um estudo mais completo, mais duradouro.
É justamente isso que propõe o estudo Cohort sobre comunicações celulares. Tal estudo, anunciado recentemente, examinará mais de 250 mil pessoas entre 18 e 69 anos de idade na Grã-Bretanha, Finlândia, Holanda, Suécia e Dinamarca. Trata-se da mais ampla pesquisa já realizada sobre o tema, que irá monitorar os efeitos da radiação sobre o corpo humano num período maior, de 10, 20 ou até 30 anos. Após a conclusão deste estudo, aí sim, poderemos ficar tranqüilos (ou preocupados?). Nota: a Organização Mundial da Saúde, a Sociedade Americana do Câncer e o Instituto Nacional de Saúde concluíram que até hoje NÃO existem provas científicas de que o uso de aparelhos celulares pode fazer mal à saúde!
É isso!
Referências:
IABC
Wireless BR
Secretária de Saúde do Paraná
Anatel
Embratel:
Kundi Michael. The controversy about a possible relationship between mobile phone use and cancer. Ciênc. saúde coletiva [serial on the Internet]. 2010 Aug [cited 2010 Sep 07] ; 15(5): 2415-2430. Available from:
Kohli DR, Sachdev A, Vats HS. Cell phones and tumor: Still in no man’s land. Indian J Cancer 2009;46:5-12
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